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Foto do escritorGislene Ramos

RACISMO ESTRUTURAL... Seríamos nós as estruturas?

A perspectiva traçada pelo racismo estrutural confere a possibilidade de se tratar o racismo pela raiz e de modo global, atentando-se à sua essência e às peculiaridades desde a formação do país, ou seja, da mesma maneira pela qual ele tem se revelado, significado e ressignificado ao longo da história do Brasil. É enxerga-lo não apenas pela forma como ele se mostra, mas sim pelo que ele é.A perspectiva traçada pelo racismo estrutural confere a possibilidade de se tratar o racismo pela raiz e de modo global, atentando-se à sua essência e às peculiaridades desde a formação do país, ou seja, da mesma maneira pela qual ele tem se revelado, significado e ressignificado ao longo da história do Brasil. É enxerga-lo não apenas pela forma como ele se mostra, mas sim pelo que ele é.

in: BERSANI, H. Racismo, trabalho e estruturas de poder no Brasil in: A luta contra o racismo no Brasil / org. Dennis de Oliveira; Cláudia Rosalina Adão ... [et al.]. – São Paulo: Edições Forum, 2017.


Jean Baptiste Debret (1768)


Ler, escutar e compreender o fato de o Racismo ser um sistema estrutural e estruturante, às vezes, nos faz perceber como as relações socioculturais estão interligadas, ela também nos causa uma sensação de impotência. Pois está tudo muito bem estruturado, logo não tem saída... Mas será?


Na tentativa de sair desse sentimento perigoso e estagnante de impotência que me atentei à seguinte questão: se o Racismo é estrutural e estruturante, ele está em TODAS as relações, ok? Ok. Sendo assim, NÃO HÁ COMO tratar de qualquer questão que envolva a sociedade sem abordar a questão racial. Rá.


Portanto, cobremos de nossos intelectuais. Sabe aquela ou aquela professora bacana da faculdade? Que tal cobrar na bibliografia dela ou mesmo na ementa da disciplina um recorte racial? E a professora da escola de nosso filho? Que tal acompanhar de perto o que estão ensinando nas aulas de história, geografia ou artes? Para além da Lei 10.039, quais abordagens raciais crianças e adolescentes estão aprendendo nas escolas?


E você que vai escrever algum artigo acadêmico ou pesquisa sociocultural, será mesmo que em sua abordagem não cabe fazer o recorte racial? E no seu trabalho? A quantas andam as discussões sobre racismo? Quantas mulheres negras ocupam cargos superiores? E os salários são iguais? Que tal? Hein?


Sabe aquele nosso amigo diretor de teatro, nossa amiga dramaturga ou aquela outra cineasta? E você produtora cultural, artista, profissional “liberal”. Então... no próximo projeto vai abordar questões "do ser humano", vai falar da sociedade? E aí, que tal relacionar com as questões raciais? Gosta de música? Lembra daquela banda que adora e que tem composições incríveis? Pois bem, que tal né?


“Ahhhhhh, mas aí você quer que todo mundo fique falando de Racismo?!" – SIM.


O RACISMO É UM PROBLEMA DE TODOS.


"Ahhhh, mas eu não tenho lugar de fala!". BALELA. Todos têm o famigerado “lugar de fala”, pois o termo refere-se à posição/grupo social que você enquanto indivíduo ocupa. Logo, todo tem uma determinada perspectiva para falar sobre. Seja como oprimido, opressor, privilegiado, desprivilegiado, homem, mulher, negro, não negro, branco, não branco, etc...

Afinal, como já ~sabemos~ ele é um sistema de opressão estrutural e estruturante; e, por isso, abrange todas as nossas relações enquanto sociedade.


Não estou aqui ditando militância ou formas de mudar o mundo, apenas me atentando ao fato de que se algo é estrutural, QUEM SERIAM AS ESTRUTURAS? Nós, enquanto indivíduos somos as mãos, braços, pernas, olhos e voz que constrói e sustenta tais estruturas desse sistema. Portanto, o sistema somos nós. Então, não adianta se sentir impotente diante do Racismo, pois alguma coisa você pode fazer!


Diante da opressão, teu silêncio é opressor!



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