OLHA O NAVIO!
escorre sangue...
OLHA A MATA!
escorre sangue...
OLHA O PRESÍDIO!
escorre sangue...
OLHA A CALÇADA!
escorre sangue...
Olha, madame!
Seus sapatos altos! Olha bem a sola deles...
Olha, patrão!
Suas mãos e seu terno! Olha seu dinheiro avermelhado...
Você que grita que "nossa bandeira jamais será vermelha"
Mal enxerga que todo o país é vermelho. DE SANGUE.
Um sangue denso e negro sangue
Negro dos navios, das matas, dos presídios, das favelas!
INTERVENÇÃO MILITAR, grita alguém do alto do prédio!
PELO FIM DA VIOLÊNCIA, esbraveja outrem.
Quem são vocês e em que país vivem?
O que querem? Olhem à sua volta.
Olhem seus pés e mãos sujos de sangue.
Querem continuar no alto da torre do privilégio?
Saibam que a fundação de vosso edifício é embebido no sangue.
E sangue escorre... Inunda... Afunda!
Pode demorar o tempo que for
Mas eis que chegará o dia que
Esse sangue a crescer
Se unirá à TERRA
Se unirá à MATA
Se unirá às GRADES DE FERRO
Se unirá ao CONCRETO DOS PRÉDIOS
Se tornará FORTE.
Mais forte do que tudo já visto do alto da sua torre
E vai seguir em frente. Resistir. Infiltrar. Resistir. E Renascer!
PORQUE SANGUE É VIDA.
Ainda que persistam em nos matar!